Aponta pra fé e rema!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

"Sou uma ótima companhia para mim mesma, adoro ficar sozinha, lendo, escrevendo ou fazendo o meu nada. Prefiro me afundar em mim a ter que ouvir gente falando besteira ou contando vantagem. Bom, mas deixa eu não me perder. Todo esse blablablá só pra dizer o seguinte: EU DEI A CHAVE DO MEU CORAÇÃO PRA ELE. Vocês ouviram? Eu, logo EU! De repente me vi olhando pra aqueles olhos lindos e falei: TOMA, É SUA. Pega, entra e não vai embora. E ele entrou. Na minha vida. Na minha casa. Confesso que não foi fácil. Mas admito que estou conhecendo (num gerúndio de amor sem fim) essa coisa maluca de gostar de verdade. É. De conhecer família, manias, amigos e piores defeitos.









Não, não tinha como dizer não.



Ele é tão doce, o coração dele é tão grande e o jeito dele é tão determinado que eu fico feliz em sentir o perfume dele grudado nas roupas que ele esquece, largadas pelo chão. (Alguém imaginava que um dia isso fosse acontecer?). A gente é tão igual e ao mesmo tempo tão diferente e eu sei, eu sei... Nem tudo é um mar de rosas. Temos dias difíceis, relógios biológicos diferentes, ritmos que às vezes se chocam.



Eu, com minha tpm, meus livros e meu jeito. Ele com seu ciúme camuflado, seus mil programas e seu jeito de abraçar o mundo. Mas quer saber? Eu olho pra ele e fico pensando sozinha: será que alguém nesse mundo faria o que ele faz por mim? Porque ele me escuta, me aguenta, me mima, me inspira, me faz sentir a mulher mais linda e especial do mundo. E eu acredito nele, acredito em mim.



Por ele, esvaziei minhas gavetas, meu armário e meu coração. Pra reciclar energias. Pra ele entrar, ocupar o espaço em branco. E ficar. Não importa se a gente vai se casar, se vamos nos matar daqui a um ano ou se o mundo vai acabar amanhã. Nada interessa. (Embora eu espere que tudo o que eu sinto dure pra sempre). Estou agora com coração nos olhos e um sorriso grudado na boca. Para mim, a melhor hora do dia é ver o sorriso dele entrar porta adentro. Nesse momento, o tempo pára e não há nada que me faça sentir como eu me sinto.



"Torna-te quem tu és", disse o filósofo.



E EU SOU. (Por nós)."



2 AMOS E 5 MESES.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

"É poesia amor, não é medo.
Por quê segredo e por quê não falar
se teu sorriso é o que mais desejo?
e teu pecado é o que mais me importa.

Este mundo não merece a nossa tristeza
e se é a vida não há porque deixar de ser.

Minha culpa,
minha máxima culpa... é tão nossa,
pois quem disse, amor, que não há
charme nessas flechas que se beijam
quando dormem os medos?

E sabe amor, já não há
como conseguir parar todos os erros
viciados que aprendemos."

domingo, 28 de novembro de 2010

"Mais que linda: Viva, tensa, confusa. Lilian Lemmertz era meio rainha. E nobre.





Somos todos imortais. Teoricamente imortais, claro. Hipocritamente imortais. Por que nunca consideramos a morte como uma possibilidade cotidiana, feito perder a hora no trabalho ou cortar-se fazendo a barba, por exemplo. Na nossa cabeça, a morte não acontece como pode acontecer de eu discar um número telefônico e, ao invés de alguém atender, dar sinal de ocupado. A morte, fantasticamente, deveria ser precedida de certo “clima”, certa “preparação”. Certa “grandeza”.

Deve ser por isso que fico (ficamos todos, acho) tão abalado quando, sem nenhuma preparação, ela acontece de repente. E então o espanto e o desamparo, a incompreensão também, invadem a suposta ordem inabalável do arrumado (e por isso mesmo “eterno”) cotidiano. A morte de alguém conhecido ou/e amado estupra essa precária arrumação, essa falsa eternidade. A morte e o amor. Por que o amor, como a morte, também existe – e da mesma forma dissimulada. Por trás, inaparente. Mas tão poderoso que, da mesma forma que a morte – pois o amor é uma espécie de morte (a morte da solidão, a morte do ego trancado, indivisível, furiosa e egoisticamente incomunicável) – nos desarma. O acontecer do amor e da morte desmascaram nossa patética fragilidade.

Como amor e morte não se separam – feito quem diz “era uma vez”, conto: na tarde de sábado, estava eu assustadamente dentro do amor (eu não acreditava mais que o amor existisse, e a vida desmentia) quando o telefone tocou. Do outro lado, alguém me deu a notícia da morte de Lilian Lemmertz. E eu também não acreditava mais que a morte existisse, naquele ou neste momento, quando preciso me embriagar um pouco com urgências de vida porque se considerar a cada minuto a possibilidade da morte – então paro imediatamente de viver. Fico de olhos arregalados, imóvel, à espera do poço previsto.

Como quem muda um canal de televisão, continuei vivo. Pra rebater a morte, fui ver o show de vida de Elza Soares. E bebi e fumei e conversei e amei mais e mais ainda. Mas dentro de qualquer movimento, a morte de Lilian. E dei pra lembrar de uma única conversa nossa, quando ela fazia Esperando Godot, e fui entrevistá-la. Falamos uma tarde inteira. Ela era mais que linda. Era viva, sarcástica, tensa, confusa. Meio desmedida. E rainha.

Lilian era nobre. Eu pensava em atrizes, enumerava: Marília Pera, Fernanda Montenegro. E Lilian Lemmertz, com aquela raça, aquele porte, a boca inesperadamente frágil e amarga, desmentindo o brilho às vezes frio dos olhos. Um certo ar de Jeanne Moreau, e ninguém como ela. Que nem chegou a ter seu grande papel, sua Fedra, sua Petra, Seu Pixote, sua hora de estrela. Brilhante, mas, ao fundo, aquele ar de humanidade despedaçada que Marília também suporta. Ouvir Lilian falando era ficar arrepiado, olhos cheios de lágrimas: o humano excessivo aterroriza e maravilha. Igual à morte e ao amor.

Guardo Lilian na memória não como a professora de Lição de Amor, a bêbada de Caixa de Sombras ou a dona-de-casa de Baila Comigo – escolho guardá-la metida na pele de um dos vagabundos de Samuel Beckett. Barriga falsa, suspensórios, calças pelo meio da canela, chapéu-coco. Meio clown, esperando por Godot. Que chegou, afinal. Lilian estava sozinha. Ele a levou consigo. Terá sido frio seu súbito abraço? Quem sabe não.

Agora, no fim da noite de domingo, longe do colo morno do amor, a morte visita o apartamento e fico pensando em como recuperar minha imortalidade após este próximo ponto final. Preciso dela, amanhã de manhã. Quando o mundo continuará igual. Só que sem Lilian. E, portanto, um pouco mais feio, um pouco mais sujo. Mais incompreensível, e menos nobre."

Caio Fernando Abreu.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

"Eu me descubro ainda mais feliz a cada pedaço seu e de tudo o que é seu... Às vezes você é tão bobo, e me faz sentir tão boba, que eu tenho pena de como o mundo era bobo antes da gente se conhecer. Eu queria assinar um contrato com Deus: se eu nunca mais olhar para homem nenhum no mundo, será que ele deixa você ficar comigo pra sempre? Eu descobri que tentar não ser ingênua é a nossa maior ingenuidade, eu descobri que ser inteira não me dá medo porque ser inteira já é ser muito corajosa, eu descobri que vale a pena ficar três horas te olhando sentada num sofá mesmo que o dia esteja explodindo lá fora. E quando já não sei mais o que sentir por você, eu respiro fundo perto da sua nuca, e começo a querer coisas que eu nem sabia que existiam. Quando a gente foi ver o pôr-do-sol na Praça e a gente ficou abraçado, e a gente se achou brega demais, e a gente morreu de rir, eu senti um daqueles segundos de eternidade que tanto assustam o nosso coração acostumado com a fugacidade segura dos sentimentos superficiais. Eu olhei para você com aquela sua jaqueta que te deixa com tanta cara de homem e me senti tão ao lado de um homem, que eu tive vontade de ser a melhor mulher do mundo. E eu tive vontade de fazer ginástica, ler, ouvir todas as músicas legais do mundo, aprender a cozinhar, arrumar seu quarto, escrever um livro, ser mãe. E aí eu só olhei pra bem longe, muito além daquele Sol, e todo o meu passado se pôs junto com ele. E eu senti a alma clarear enquanto o dia escurecia. Eu te engoli e você é tão grande pra mim que eu dedico cada segundo do meu dia em te digerir. E eu não tenho mais fome, e eu tenho que ter fome porque eu não quero você namorando uma magrela. E eu sonhei com você e acordei com você, e eu te olhei e falei que eu estava muito magrela, e você me mandou dormir mais, e me abraçou. Eu preciso disfarçar que não paro mais de rir, mas aí olho pra você e você também está sempre rindo. Se isso não for o motivo para a gente nascer, já não entendo mais nada desse mundo. E eu tento, ainda refém de algumas células rodriguianas que vez ou outra me invadem, tentar achar defeito na gente, tentar estragar tudo com alguma sujeira. Mas você me deu preguiça da velha tática de fuga, você me fez dormir um cd inteiro na rede e quando eu acordei o mundo inteiro estava azul. Engraçado como eu não sei dizer o que eu quero fazer porque nada me parece mais divertido do que simplesmente estar fazendo. Ainda que a gente não esteja fazendo nada. Eu, que sempre quis desfilar com a minha alegria para provar ao mundo que eu era feliz, só quero me esconder de tudo ao seu lado. Eu limpei minhas mensagens, eu deletei meus emails, eu matei meus recados, eu estrangulei minhas esperas, eu arregacei as minhas mangas e deixei morrer quem estava embaixo delas. Eu risquei de vez as opções do meu caderninho, eu espremi a água escura do meu coração e ele se inchou de ar limpo, como uma esponja. Uma esponja rosa porque você me transformou numa menina cor-de-rosa. Você me transformou no eufemismo de mim mesma, me fez sentir a menina com uma flor daquele poema, suavizou meu soco, amoleceu minha marcha e transformou minha dureza em dança. Você quebrou minhas pernas, me fez comprar um vestido cheio de rendas e babados, tirou as pedras da minha mão. Você diz que me quer com todas as minhas vírgulas, eu te quero como meu ponto final."




2 ano e 4 meses de mto looooooove

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

"O que eu preciso não esta em Paris, Nova Iorque ou Londres. Não esta nas vitrines das lojas, nem no comercial da televisão. Não se compra com papel, não vem embalado, não mata a fome. Não é de vidro, nem de plástico, nem de ouro. O que eu preciso esta bem aqui, na minha frente. Tem nome, endereço e telefone e, diga-se de passagem, um sorriso lindo."

terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Toda vez que eu digo adeus eu quase morro. Toda vez que eu digo adeus aos deuses eu recorro. Nenhum deus contudo parece me ouvir. Eles vêem tudo e te deixam partir. Quando estas a só um mar de flor em volta, sabiás de algum lugar cantam o amor em volta. Não há som melhor. Mas seu tom maior se torna menor toda vez que eu digo adeus. 

 

Nenhum deus contudo parece me ouvir"

"Não é porque eu sujei a roupa bem agora que eu já estava saindo. Nem mesmo porque eu peguei o maior trânsito e acabei perdendo o cinema. Não é porque não acho o papel onde anotei o telefone que eu tô precisando, nem mesmo o dedo que eu cortei abrindo a lata e ainda continua sangrando. Não é porque fui mal na prova de geometria e periga d'eu repetir de ano, nem mesmo o meu carro que parou de madrugada só por falta de gasolina. Não é por que tá muito frio, não é por que tá muito calor... O problema é que eu te amo! Não tenho dúvidas que com você daria certo. Juntos faríamos tantos planos. Com você o meu mundo ficaria completo. Eu vejo nossos filhos brincando e depois cresceriam e nos dariam os netos.

A fome que devora alguns milhões de brasileiros, perto disso já não tem importância. A morte que nos toma a mãe insubstituível de repente dela, já nem me lembro. A derrota de 50 e a campanha de 70 pertem totalmente seu sentido. As datas, fatos e aniversariantes passam sem deixar o menor vestígio. Injúrias e promessas e mentiras e ofensas caem fora pelo outro ouvido. Roubaram a carteira com meus documentos, aborrecimentos que eu já nem ligo.

Não é por que eu quis e eu não fiz. Não é por que não fui e eu não vou... O problema é que eu te amo. Não tenho dúvidas que eu queria estar mais perto, juntos viveríamos por mil anos por que o nosso mundo estaria completo. Eu vejo nossos filhos brincando com seus filhos e depois nos trariam bisnetos.

Não é porque eu sei que ela não virá que eu não veja a porta já se abrindo e que eu não queira tê-la, mesmo que não tenha a mínima lógica nesse raciocínio. Não é que eu esteja procurando no infinito a sorte para andar comigo. Se a fé remove até montanhas, o desejo é o que torna o irreal possível. Não é por isso que eu não possa estar feliz, sorrindo e cantando. Não é por isso que ela não possa estar feliz, sorrindo e cantando. Não vou dizer que eu não ligo, eu digo o que eu sinto e o que eu sou... O problema é que eu te amo.

Não tenha dúvidas pois isso não é mais secreto. Juntos morreríamos, pois nos amamos e de nós o mundo ficaria deserto. Eu vejo nossos filhos lembrando com os seus filhos que já teriam seus netos..."

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

“Hoje eu ouvi nossa canção.


Tanto tempo depois, tantas fugas nesse tempo em que evitei nosso tema, com medo de chorar muito, lembrar de você, enlouquecer. Ou com medo de voltar forte demais a saudade e de não resistir a te procurar, te ligar.

Algumas coisas nunca sumiram em mim, meu orgulho já sumiu um pouco, mas meus medos continuam aqui e ali, mas ainda rio sozinha de mim mesma quando minimizo esse sentimento tolo, sarcástica, rio do meu coração. Ouvi sozinha nossa canção. Sem graça tentei encontrar sentido nas palavras. Em vão, essa só tem sentido quando se está feliz por amar.

Você ainda me maltrata, aperta meu peito, que arde, queimando em algum lugar que não consigo encontrar e tirar de mim, mesmo que à força, ainda que eu arranque parte da pele e tire sangue, a dor não é substituída.

A nossa música, me fez chorar demais e eu percebi porque fujo dela todas as vezes, porque você não está aqui para falar como ela é bonita de ouvir, ou da quantidade de coisas que ela pode nos dizer ou ainda me prometer um mundo de felicidade com trilha sonora.

É como um fantasma, a nossa música, mas com certa beleza que não sei explicar o que é, com um medo intenso de reaver emoções que eu quis guardar.

Ouvi hoje até o fim, trêmula, derramando lágrimas em cada estrofe, apertando os olhos e pensando em você, na sua voz (que por mais que eu ache que não vou lembrar, eu lembro), em uma quantidade de coisas que eu quis dizer e não tive coragem e agora estão presas em mim, algemadas pra onde eu resolver me atirar, na intenção de te abandonar pra sempre.

A coragem que eu achei que existia, transformou-se numa dúvida que me cobriu, a dúvida do quanto ainda eu posso te amar.

Nossa música foi das poucas coisas que ficaram pra eu lembrar. Pra eu mudar o sentido dela mesmo que eu acredite ser impossível.

Saudade da sua voz, saudade de ouvir com você.”

terça-feira, 9 de novembro de 2010

"Você tem cheiro de roupa limpinha com mente suja e eu quero te rasgar inteiro. Mas apenas te dou um beijinho no rosto. Preciso me comportar."
"Eu não espero que você seja o-grande-amor-da-minha-vida, parei de acreditar nisso na quinta série quando a moça que trabalhava na biblioteca do meu colégio me disse que estava se separando do marido dela. Meus pais estão juntos até hoje, mas a gente sabe bem como vão as coisas ali. A moça da biblioteca chorou. Não quero que você me faça chorar. Não quero que você seja um motivo ruim na minha vida. Você é motivo de sorrisos, razão pra eu acordar num dia de chuva e tomar banho e mudar de roupa porque eu sei que você vai passar aqui, vai trazer algo congelado pra gente ver ser aquecido no forno e comer enquanto falamos bobagens. Não quero te odiar. Não quero falar mal de você pros outros. Pras minhas amigas. Quero falar mal de você como quem ama. Pois é, Carla, ele nunca lembra de desligar o celular antes de dormir e sempre alguém do trabalho liga. Sabe, eu quero dizer isso. Que o máximo de irritação que você me provoca é me acordar de manhã cedo falando bobagens que parecem ser importantes no celular. Não quero que você me largue. Não quero te largar. Não quero ter motivos pra ir embora, pra te deixar falando sozinho, pra bater o telefone na sua cara. E eu não tenho medo que isso aconteça (eu nunca tenho), eu fiz isso com todos os outros. É só que dessa vez eu queria muito que fosse diferente. Dessa vez, com você, eu queria que desse certo. Que eu não te largasse no altar. Que eu não te visse com outra. Que eu não tivesse raiva. Que você não passasse a comer de boca aberta. Que você entendesse o meu problema com chãos de banheiro molhados pra sempre. Que você gostasse e cuidasse de mim como ontem à noite você cuidou. Eu quero que dê certo, não estraga, por favor. Não estraga não estraga não estraga. Posso pôr um post-it na sua carteira? Mesmo que a gente não fique juntos pra sempre. Mesmo que acabe semana que vem. Nunca destrua o meu carinho por você. Nunca esfrie o calorzinho que aparece dentro de mim quando você liga, sorri ou aparece no olho mágico da minha porta. Mesmo que você apareça na porta de outras mulheres depois de me deixar. Me deixe um dia, se quiser. Mas me deixe te amando. É só o que eu peço."

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Remexa na memória, na infância, nos sonhos, nas tesões, nos fracassos, nas mágoas, nos delírios mais alucinados, nas esperanças mais descabidas, na fantasia mais desgalopada, nas vontades mais homicidas, no mais aparentemente inconfessável, nas culpas mais terríveis, nos lirismos mais idiotas, na confusão mais generalizada, no fundo do poço sem fundo do inconsciente: é lá que está o seu texto. Sobretudo, não se angustie procurando-o: ele vem até você, quando você e ele estiverem prontos. Cada um tem seus processos, você precisa entender os seus. De repente, isso que parece ser uma dificuldade enorme pode estar sendo simplesmente o processo de gestação do sub ou do inconsciente.


E ler, ler é alimento de quem escreve. Várias vezes você me disse que não conseguia mais ler. Que não gostava mais de ler. Se não gostar de ler, como vai gostar de escrever? Ou escreva então para destruir o texto, mas alimente-se. Fartamente. Depois vomite. Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta. E eu acho — e posso estar enganado — que é isso que você não tá conseguindo fazer. Como é que é? Vai ficar com essa náusea seca a vida toda? E não fique esperando que alguém faça isso por você. Ocê sabe, na hora do porre brabo, não há nenhum dedo alheio disposto a entrar na garganta da gente.






O mestre, Caio Fernando Abreu.
"Penso também outra coisa de gente grande: não adianta muito você se enfeitar todo pra uma pessoa gostar mais de você. Porque, se ela gostar, vai gostar de qualquer jeito, do jeito que você é mesmo, sem brilhos falsos."
"Tem uma hora que tudo se esclarece, mas, contrariando o velho ditado "depois da tempestade a calmaria", tudo é ao contrário. Primeiro vem uma paz, um clarão, uma certeza de que vale a pena. Depois? Bom, depois um gesto (ou a falta dele) transforma tudo em breu. Não tem lanterna, fogueira, luz que esclareça tudo novamente. E eu nada posso fazer. E você nada pode fazer, além de ser o culpado de tudo isso. Você não pode me julgar como "danadinha", não. É você que provoca tudo isso. Quando chega cavando um buraco no meu coração toda vez que me abraça forte, tão forte que quase chega a me quebrar inteira (e quebra, por dentro!). Isso é bom, a sensação é de segurança, paz.. Mas aí depois não, você mudou de idéia, afrouxou o abraço que eu fico bamba no centro dos teus braços. Me deixa alí, te abraçando sozinha, me deixando ir pra onde eu quiser. Você não entendeu? Eu não quero seguir por caminho nenhum se não tiver tuas pegadas do meu lado, não quero estar dentro de um circulo de pessoas se não for dentro do teu abraço. Então eu continuo aqui, porque faz tempo, e faz chover todos os dias.. Dentro e fora de mim.

Tenho feito muitas mudanças em mim pra talvez quando você me enxergar com clareza, minha luz possa abrir todos os nossos futuros caminhos com delicadeza.. E amor."
O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranqüila, em silêncio, sem dar conselhos, sem que digam "se-eu-fosse-você". A gente ama não é a pessoa que fala bonito, é a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa, e é na não-escuta que ele termina.




Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção.
"Há tanta água no oceano que se deixa evaporar pelo único prazer de voltar a ser uma gota de chuva."
"Pudesse abrir a cabeça, tirar tudo para fora, arrumar direitinho como quem arruma uma gaveta. Tomar um banho de chuveiro por dentro..."
"Combinamos que não era amor. Escapou ali um abraço no meio do escuro, mas aquilo ali foi sono, não sei o que foi aquilo. Foi a inércia do amor que está no ar mas não necessariamente dentro de nós. A gente foi ao cinema, coisa que namorados fazem. Mas amigos fazem também, não? Somos amigos. Escapou ali um beijo na orelha e uma mão que quis esquentar a outra. Mas a gente correu pra fazer piadinha sexual disso, como sempre. Aí teve aquela cena também de quando eu fui te dar tchau só com a manta branca e o cabelo todo bagunçado, e você olhou do elevador e me perguntou: não to esquecendo nada? E eu quis gritar: tá, tá esquecendo de mim. E você depois perguntou: não tem nada meu aí? E eu quis gritar: tem, tem eu. Eu sempre fui sua. Eu já era sua antes mesmo de saber que você um dia não ia me querer.




Mas a gente combinou que não era amor.



Você abriu minha água com gás predileta e meu sabonete de manteiga de cacau. E fuçou todas as minhas gavetas enquanto eu tomava banho. E cheirou meu travesseiro pra saber se ainda tinha seu cheiro, ou pra tentar lembrar meu cheiro e ver se ele ainda te deixa sem vontade de ir embora. Mas ainda assim, não somos íntimos. Nada disso. Só estamos aqui, reunidos nesse momento, porque temos duas coisas muito simples em comum: nada melhor pra fazer. Só isso. É o que está no contrato, e eu assino embaixo. Melhor assim. Muito melhor assim. Tô super bem com tudo isso. Nossa, nunca estive melhor. Mas não faz isso. Não me olha assim e diz que vai refazer o contrato, não faz o mundo inteiro brilhar mais porque você é bobo, não faz o mundo inteiro ficar pequeno só porque o seu chapéu é muito legal. Não deixa eu assim, deslizando pelas paredes do chuveiro de tanto rir porque seu cabelo fica ridículo molhado, não faz a piada do vampiro só porque você achou que eu estava em dias estranhos, não transforma assim o mundo em um lugar mais fácil e melhor de se viver, não faz eu ser assim tão absurdamente feliz só porque eu tenho certeza absoluta que nenhum segundo ao seu lado é por acaso.



Combinamos que não era amor, e realmente não é.



Mas esse algo que é, é realmente muito libertador. Porque quando você está aqui, ou até mesmo na sua ausência, o resto todo vira uma grande comédia. E aquele cara mais novo, e aquele outro mais velho, e aquele outro que escreve, e aquele outro que faz filme, e aquele outro divertido, e aquele outro da festa, e aquele outro amigo daquele outro.. E todos aqueles outros viram formiguinhas de nariz vermelho, e eu tenho vontade de ligar pra todos eles e falar: putz, cara, e você acha mesmo que eu gostei de você? Coitado! Adoro como o mundo fica coitado, fica quase, fica de mentira, quando não é você. Porque esses coitados todos só serviram pra me lembrar o quão sagrado é não querer tomar banho depois, o quão sagrado é ser absurdamente feliz mesmo sabendo a dor que vem depois, o quão sagrado é ver pureza em tudo o que você faz, ainda que você faça tudo sendo um grande safado. O quão sagrado é abrir mão de evoluir só porque andar pra trás é poder cruzar com você de novo.



Não é amor não. É mais que isso, é mais que amor.



Porque pra te amar mais, eu tenho que te amar menos. Porque pra morrer de amor por você, eu tive que não morrer. Porque pra ter você por perto um pouco, eu tive que não querer mais ter você por perto pra sempre. E eu soquei meu coração até ele diminuir, só pra você nunca se assustar com o tamanho. E eu tive que me fantasiar de puta, só pra ter você aqui dentro sem medo. Medo de destruir mais uma vez esse amor tão santo, tão virgem. E eu vou continuar me fantasiando de não amor, só pra você poder me vestir e sair por aí com sua casca de não amor. E eu vou rir quando você me contar das suas meninas, e eu vou continuar dizendo “bonito carro, boa balada, boa idéia, bonita cor, bonito sapato”. E eu vou continuar sendo só daqui pra fora. Porque no nosso contrato, tomamos cuidado em escrever com letras maiúsculas: NÃO EXISTE NINGUÉM AQUI DENTRO. Mas quando, de vez em quando, o seu ninguém colocar ali, meio sem querer, a mão no meu joelho, só para me enganar que você é meu dono, só para enganar o cara da mesa ao lado que você é meu dono, eu vou deixar... Vai que um dia você acredita."

domingo, 17 de outubro de 2010

MELHOR SHOW DA MINHA VIDA! 15.10.10


"Acredito que a emoção pelo retorno da banda Los Hermanos a Recife, começou desde que a data foi anunciada, ainda com o local que viria a mudar. Como Rodrigo Barba (baterista da banda) mesmo disse “tudo começou com um lugar que cabiam cinco mil pessoas e depois mudaram pra um lugar maior e depois para um maior ainda, caramba!” Mas a angustia começou de fato na vendas dos ingressos, pessoas dormindo na fila para conseguir seu passaporte para quem sabe o último show da banda.




E finalmente chega 15 de outubro de 2010, o dia do show, filas quilométricas que pareciam um caracol no estacionamento do Centro de Convenções de Pernambuco, do lado de dentro, um pavilhão lotado por uma multidão de fãs que aguardavam o início do show, várias vezes pôde-se ouvir um coro perfeito da música “O Vencedor”, a sensação era realmente de arrepiar até quem não gostasse da banda.


Os barbudinhos subiram ao palco perto do previsto, por volta de 0:30h e tocaram durante 1 hora e 45 minutos sucessos de seus quatro discos, brincaram com a platéia, jogaram serpentina, se olhavam e riam era nítido a alegria que eles estavam sentindo diante daquele mar de gente. Rodrigo Amarante relembrou a época em que tocou no Abril pro Rock aqui em Recife quando nem eram conhecidos, antes mesmo de estourarem com a música “Ana Julia” e as outras oportunidades que surgiram após esse começo e finalizou dizendo que eles são pernambucanos de coração.




Com exceção do primeiro disco, que só tocaram dois sucessos dele, os outros três estiveram entrelaçados durante todo o show, permitindo que o público saísse rouco e em êxtase. Entre as canções destacamos “Conversa de Botas Batidas” e “O Último Romance” que foram as duas escolhidas pelos fãs, através do site do show. “O Vento”, “Retrato pra Iá Iá”, “Paquetá” e “Todo Carnaval Tem Seu Fim” sem dúvida foram as que mais abafaram o som dos microfones de Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante pelo coro da platéia. A banda saiu do palco para o bis e não trouxe nenhuma surpresa, para os fãs que já sabiam que eles tocariam “Pierrot” e “A Flor”, ainda bem que cumpriram. “Pierrot” foi introduzida ao som de “Vassourinhas” como eles costumam fazer essa homenagem aqui e todos nem se cabiam mais em tanta emoção.



Então, a banda deixou o palco depois de algumas palavras de carinho e agradecimento, deixando um sentimento apertado no peito de quem ficou em Recife."




http://www.jornalespalhafato.com/2010/10/cobertura-show-de-los-hermanos-em-recife/

terça-feira, 5 de outubro de 2010


"Li no jornal que amanhã bem cedo você vai chegar. Vai bater na porta e antes que eu deixe você vai entrar. Também vai trazer dentro de uma caixa o meu coração. Sei que nada é de graça, que isso é trapaça, que eu vou dizer não. Por isso me traga uma flor e faça um favor de não me irritar. E conte uma bela história,  se for confiante vou acreditar. Eu queria ter esse problema, igual aquele filme que eu vi no cinema. Eu sei, você não viu, mas eu explico o esquema. Me abraça, me ama, me beija. Cadê você?...

Me abraça
Me ama
Me beija
Cadê você?"
Para seduzir, olhar
Para divertir, bobagem
Para o carro, devagar
Mas para enfrentar, coragem

Para acreditar, mentira
Para discutir, opinião
Para levantar, sol
Mas para dormir, colchão

Para entender, conflito
Para se ganhar, amigo
Para deletar, mensagem
Para o verão, viagem

Para fofocar, revista
Para distrair, TV
Para uma dieta, açúcar
E para amar, você

Para encontrar, vontade
Para atravessar, a ponte
Para desejar, sorte
E para ouvir, Marisa

Para Capitu, Machado
Para uma mulher, Clarice
Para Guimarães, Brasil
Na terceira margem do rio

Para o secador, molhado
Para o colar, anel
Para o batom, um beijo
Sempre muito apaixonado

Para se pintar, espelho
Para se perder, aposta
Para dividir, segredo
Para namorar, se gosta

Para um biscoito, avó
Para comprar, essencial
Para todas as coisas, nó
E para terminar, final
"Existe aqui uma mulher. Uma bruxa, uma princesa,uma diva. Que beleza! Escolha o que quiser. Mas ande logo, vá depressa. Nem se atreva a pensar muito, o meu universo ainda despreza quem não sabe o que quer.

Meu coração eu pus no bolso, mas apareceu um moço que tirou ele dali. Não, isso não é engraçado. Um coração assim roubado bate muito acelerado.

Devolve, moço. Devolve, moço o meu coração pro bolso!"

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

"Menina-moça, tentaram me fazer acreditar que o amor não existe e que sonhos estão fora de moda. Cavaram um buraco bem fundo e tentaram enterrar todos os meus desejos, um a um, como fizeram com os deles. Mas como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim. A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes. Porque aprendi com a Dona Chica, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola. E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo. Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim. O destino da felicidade, me foi traçado no berço."

"Porque no meio dos restos dos gostos de vodca, lágrima e café, entre as pontadas na cabeça, o nojo da boca do estômago e os olhos inchados, principalmente às sextas-feiras, pouco antes de desabarem sobre mim aqueles sábados e domingos..., vinha a certeza de que, de repente, bem normal, alguém diria telefone-para-você e do outro lado da linha aquela voz conhecida diria sinto-falta-quero-voltar.


Isso nunca aconteceu."

"E o prêmio para a melhor mentira vai pra você por me fazer acreditar que você poderia ser fiel a mim. Vamos ouvir seu discurso. Você criou uma cena e tanto, me pegou de jeito. Agora é hora de ir, as cortinas finalmente estão se fechando."




"Você poderia ter sido o único… Mas fez questão de ser só mais um."

domingo, 3 de outubro de 2010

"Tô morando, trabalhando, estudando e AMANDO. Esses são os quatro foles da minha vida, no momento, e sobre cada um deles eu teria milhares de páginas a preencher. Sei lá menina, tá tudo tão legal, e um legal tão batalhado, um legal merecido, de costas e pernas doendo, mas coração tranquilo!"
"Ele era o meu príncipe, assim, desses encantados. Desses que as crianças ouvem nas histórias antes de dormir. Sim, ele era meu príncipe. Principio de tudo que eu era, principalmente, o que tinha. Era ele um príncipe do tipo doce, gentil e atencioso. Era o príncipe que eu nunca sonhei que teria, talvez nem soubesse que existia, até o conto de fadas acabar.

A verdade é que a gente não vê nada direito quando está no meio da situação. Meu príncipe, no principio, era chato para mim. Vivia me podando, me cuidando, e eu, com meus olhos sempre furtivos, minha dificuldade em esclarecer as coisas e confundir os sentimentos, não dava a ele o título que merecia, status de príncipe, talvez fosse coisa de gente principiante nesse jogo, e eu era.

Mas eu, que de princesa nunca tive sequer um suspiro, foi desencantando meu príncipe. Fui deixando que ele virasse algo inexplicavelmente feio, num contrário paradoxal à história em que a princesa beija o sapo, meu príncipe regrediu. E foi principar em outro castelo. Achou lá, uma nova princesa, com novos princípios, com vestido longo e tudo mais.

Eu fiquei sem príncipe, mas com histórias lindas para contar. Histórias que um dia, quem sabe, embalarão o sono de novas crianças, que sonharão, felizes, com o dia em que encontrarão o príncipe que eu tive. Mas deixei escapar."
"Para tranquilizá-lo, sentei ao seu lado. Tremíamos. Pensei em colocar a cabeça dele no meu colo, tomar suas mãos, falar alguma frase de efeito, fazer carinhos. Mas só consegui ficar muito próxima. De alguma forma, eu queria dizer que tudo aquilo importava pouco. Se soubéssemos controlar a nós mesmos, o nosso terror, e poupar o gasto exagerado de tudo que tínhamos armazenado, nada aconteceria. Amanhã, depois, dentro de uma semana, um mês, nada aconteceria.

A verdade é que eu nem sei se queria conhecer alguém agora, mas isso não importava nesse momento. Ele só precisava de alguns abraços queridos, uma companhia suave, bate-papos que o fizessem sorrir, algum nível de embriaguez e a sincronia: eu e você não acontecemos por uma relação causal, mas por uma relação de significado. Que ainda estamos trabalhando, que precisamos primeiro entender o que é."
"E eu digo o tempo todo: o teu ser é conjunto do meu, assim adoçamos nossas vidas."

sábado, 2 de outubro de 2010

"Eu amo desorganizado, desvergonhado. Tenho um amor que não é fácil de compreender porque é confuso. Não controlo, não planejo, não guardo para o mês seguinte. A confusão é quase uma solidão adicional. Uma solidão emprestada. Sou daqueles que pedirá desculpa por algo que o outro nem chegou a entender, que mandará nova carta para redimir uma mágoa inventada, que estará se cobrando antes de dizer. Basta alguém me odiar que me solidarizo ao ódio. Quisera resistir mais. Mas eu faço comigo a minha pior vingança. Amar demais é o mesmo que não amar. A sobra é o mesmo que a falta. Desejava encontrar no mundo um amor igual ao meu. Se não suporto o meu próprio amor, como exigir isso? Um dia li uma frase de Hegel: "Nada de grande se faz sem paixão. Mas nada de pequeno se faz sem amor." (...) Não me dou paz sequer um segundo. Medo imenso de perder as amizades, de apertar demais as palavras e estragar o suco, de ser violento com a respiração e virar asma. Até a minha insegurança é amor.."

sábado, 18 de setembro de 2010

"Eu aflito e só, confuso e sem você por aqui. Assim eu sonhei, mas isso eu não quis. Que diferença? o dia se fez assim. Há um conflito, um nó. Eu difuso enfim. Os pássaros vêm me levar aí, visitar o céu e pra ver você levantando o véu pra mim.
Mas eles só me vêem quando eu já não sei se eu estou são, o que é um sonho ruim, e o que é um sonho bom. Que diferença? a vida é igual, assim e eu não sei. Eu não sei... Se isso é você. Quem bate aí?

Se é pra eu te ver então deixa eu dormir." 
"Olho para a chuva que não quer cessar, nela vejo o meu amor. Esta chuva ingrata que não vai parar pra aliviar a minha dor. Eu sei que o meu amor pra muito longe foi, numa chuva que caiu. Oh, gente! Por favor pra ela vá contar que o meu coração se partiu. Chuva traga o meu benzinho pois preciso de carinho. Diga a ela pra não me deixar triste assim... O ritmo dos pingos ao cair no chão só me deixa relembrar. Tomara que eu não fique a esperar em vão. Por ela que me faz chorar. Oh, chuva traga o meu benzinho!

Chove, chuva traga o meu amor..." (8)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O que é, O que é: Clara e salgada, cabe em um olho e pesa uma tonelada, tem sabor de mar, pode ser discreta, inquilina da dor, morada predileta? Na calada ela vem, refém da vingança, irmã do desespero rival da esperança. Pode ser causada por vermes e mundanas, e o espinho da flor, cruel que você ama. Amante do drama, vem pra minha cama por querer, sem me perguntar me fez sofrer. Eu que me julguei forte, eu que me senti, serei um fraco quando outras dela vir... O que adianta eu ser durão e o coração ser vulneravél?
"Eu tenho muitos amigos, tenho discos e livros mas quando eu mais preciso eu só tenho você... Tenho sorte e juízo, cartão de crédito e um imenso disco rígido mas quando eu mais preciso eu só tenho você, quando eu mais preciso eu só tenho você."
"Ele é só um cara. Só um cara. E quer mesmo saber? É um cara como todos os outros caras. Esse que te perguntou as horas no meio da rua – podia ter sido ele e você nem ligou. O mendigo, o ginecologista, o padre, o dealer. Ele estava ali o tempo todo. E ele não estava. Ele é só um deles. Vários. Uma legião. E ninguém. É só um cara. E não a sua vida. E não todos os dias da sua história. E não todas as suas lágrimas juntas em um único sábado solitário. Ele não é o destino, é um cara. Existem muitos destinos. Ele é só um cara que mal sabe encarar as consequencias das suas escolhas. Ele é só um cara perdido como muitos outros caras que você encontrou. E perdeu. Ele é só um cara. E você já esqueceu outros caras antes."
"A maior conquista do ser humano é manter o sorriso nos lábios, enquanto o coração explode de dor."
"Essa é uma das coisas que as pessoas não nos ensinam quando falam de crescer: como lhe dar com as dores que não passam com um beijo."
"Penso em nós juntos, eu acredito no amor para sempre, eu acredito em coisas que os olhos não podem ver."

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Hoje eu estou sensível
Hoje eu estou menos eu
Hoje, só hoje, vou dar um tempo de mim
Vou resistir a meus impulsos
E controlar os meus sentimentos

Só hoje vou fingir que não estou nem aí
Vou pensar menos
Vou rir mesmo que a força

Só hoje vou parar totalmente
Vou ficar sem fazer nada
E vou ficar feliz apenas por estar na minha presença e na de Deus

Hoje eu não quero ouvir coisas ruins
Porque hoje está mais fácil de chorar
E se eu chorar
Não terei condições de argumentar
E tudo pode sair errado

Hoje eu não quero nada complicado
Quero sonhar com coisas boas
Quero brincar como criança
Quero comer sem medo de engordar
E viver sem objetivos

Só hoje quero ficar muda
Quero que o silêncio seja verdadeiramente silencioso
Quero dormir como um anjo

Hoje eu quero ouvir palavras de amor
Quero ouvir que sou importante
Quero abraços e muitos beijos
Quero carinho e quero colo
Quero família e quero amigos
Quero estar com quer estar comigo

Hoje eu quero que passe rápido
Eu quero que as horas corram
Mas se você vier
Hoje e todos os dias
Eu quero que o tempo páre
Só para ficar mais um pouquinho contigo...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.
-O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
-Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.
-Mas não seria natural.
-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
-Natural é encontrar. Natural é perder.
-Linhas paralelas se encontram no infinito.
-O infinito não acaba. O infinito é nunca.
-Ou sempre.
-Tudo isso é muito abstrato. Está tocando "Kiss, kiss, kiss". Por que você não me convida para dormirmos juntos.
-Você quer dormir comigo?
-Não.
-Porque não é preciso?
-Porque não é preciso.
(Silêncio)
-Me beija.
-Te beijo."
"Mas o tempo pode ser uma coisa bem voraz, às vezes se apodera de todos os detalhes só para si mesmo."
"Quando alguém mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando alguém trapaceia, está roubando o direito à justiça..."
Quanto tempo demora? - perguntou ele.
- Não sei. Um pouco.
Sohrab deu de ombros e voltou a sorrir, desta vez era um sorriso mais largo.
- Não tem importância. Posso esperar. É que nem maçã ácida.
- Maçã ácida?
- Um dia, quando eu era bem pequenininho mesmo, trepei em uma árvore e comi uma daquelas maçãs verdes, ácidas. Minha barriga inchou e ficou dura feito um tambor. Doeu à beça. A mãe disse que, se eu tivesse esperado as maçãs amadurecerem, não teria ficado doente. Agora, quando quero alguma coisa de verdade tento lembrar do que ela disse sobre as maçãs.
"Eu vejo que aprendi o quanto te ensinei, e é nos teus braços que ela vai saber. Não há porque voltar, não penso em te seguir, não quero mais a tua insensatez.. O que fazes sem pensar aprendeste do olhar e das palavras que guardei pra ti. Não penso em me vingar, não sou assim. A tua insegurança era por mim! Não basta o compromisso, vale mais o coração. Já que não me entendes, não me julgues, não me tentes. O que sabes fazer agora veio tudo de nossas horas. Eu não minto, eu não sou assim. Ninguém sabia, e ninguém viu que eu estava a teu lado então.. Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher. Minha mãe e minha filha, minha irmã, minha menina. Mas sou minha, só minha, e não de quem quiser! Acho que só agora eu começo a perceber tudo o que você me disse, pelo menos o que lembro que aprendi com você, está realmente certo (bem mais certo do que eu queria acreditar). Você gosta mesmo de mim se arriscando a me perder assim, ao me explicar o que eu não quero ouvir. Ainda não estou pronto pra saber a verdade (ou não estava até uma estação atrás). Acho que só agora eu começo a ver que tudo que você me disse é o que você gostaria que tivessem dito pra você. Se o tempo pudesse voltar dessa vez.. Sou eu mesma e serei eu mesma então, e não há nada de errado comigo, não.. Não, não, não! Não preciso de modelos, não preciso de heróis, eu tenho meus amigos e quando a vida dói eu tento me concentrar num caminho fácil!"
"Moro no segundo andar, mas nunca encontrei você na escada. Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são/estão dentro/fora de mim: Secas. Tão só nesta hora tardia - eu, patético detrito pós-moderno com resquícios de Werther e farrapos de versos de Jim Morrison, Abaporu heavy-metal - só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas.

Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca, meu amor, e um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como "Eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da conha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão."

Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz. Do jogo, do embuste.. Preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez, como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã."

sábado, 4 de setembro de 2010


-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

-Mas não seria natural.
-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
-Natural é encontrar. Natural é perder.
"Você não existe. Eu não existo. Mas estou tão poderoso na minha sede que inventei a você para matar a minha sede imensa. Você está tão forte na sua fragilidade que inventou a mim para matar a sua sede exata. Nós nos inventamos um ao outro porque éramos tudo o que precisávamos para continuar vivendo. E porque nos inventamos um ao outro, porque éramos tudo o que precisávamos, para continuar vivendo. E porque nos inventamos, eu te confiro poder sobre o meu destino e você me confere poder sobre o teu destino. Você me dá seu futuro, eu te ofereço meu passado. Então e assim, somos presente, passado e futuro. Tempo infinito num só, esse é o eterno."
Ai. Saudade é uma coisa azul e amarga com carne por fora e espinho por dentro.
"Com a faca da nostalgia do longe cravada fundo no peito. Às vezes dói, mas logo passa também. "
" Eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes da cobrança do meu peito. Que acha todo mundo meio feio, meio bobo, meio burro, meio perdido, meio sem alma, meio de plástico, meia bomba. E espera impaciente ser salva por uma metade meio interessante que me tire finalmente essa sensação de perna manca quando ando sozinha por aí, maldizendo a tudo e a todos. Eu só queria ser legal, ser boa, ser leve. Mas dá realmente pra ser assim?"
"Não, meu bem, não adianta bancar o distante: lá vem o amor nos dilacerar de novo..."
Você é meu príncipe. Depois de tantos amores estranhos, pequenos, errados e tortos, finalmente eu reconheci no seu olhar centralizado e no seu sorriso espalhado... O meu princípe.
"As vezes, é preciso muita humildade pra ser arrogante."
"Eu quero sempre encontrar você, sejá lá aonde você estiver, e que eu consiga ser o seu perfeito, mesmo sendo imperfeito."
Eu, que sempre quis desfilar com a minha alegria para provar ao mundo que eu era feliz, só quero me esconder de tudo ao seu lado. Eu limpei minhas mensagens, eu deletei meus emails, eu matei meus recados, eu estrangulei minhas esperas, eu arregacei as minhas mangas e deixei morrer quem estava embaixo delas. Eu risquei de vez as opções do meu caderninho, eu espremi a água escura do meu coração e ele se inchou de ar limpo, como uma esponja.
"Meu silêncio é o grito mais alto que alguém já deu"
" Tão bom morrer de amor e continuar vivendo"

domingo, 29 de agosto de 2010


Um band-aid no coração, um sorriso nos lábios- e tudo bem. O que se há de fazer?
Sofro, luz dos meus olhos, quando dizes
Que a vida não te alenta nem conforta.
Olha o exemplo das árvores felizes
Dentro da solidão da noite morta.
Que lhes importa a dor, que lhes importa
O drama que há no fundo das raízes?
Não sentem quando o vento os ramos corta
E as folhas leva em várias diretrizes?
Que lhes importa a maldição do outono
E os dedos envolventes da garoa,
Se dão sombra às taperas no abandono?!...
Levanta os braços para o firmamento
E canta a vida porque a vida é boa
Mesmo esmagada pelo sofrimento.
"E hoje não. Que não me doa hoje o existir dos outros, que não me doa hoje pensar nessa coisa puída de todos os dias, que não me comovam os olhos alheios e a infinita pobreza dos gestos com que cada um tenta salvar o outro deste barco furado. Que eu mergulhe no roxo deste vazio de amor de hoje e sempre e suporte o sol das cinco horas posteriores, e posteriores, e posteriores ainda."
"...Pega no telefone e liga-lhe. Fala com ele de coração aberto, diz-lhe que o queres ver, chora se for preciso, pede-lhe que te diga se sim ou se não. Se for preciso, por mais que te custe, pede-lhe para te escrever a palavra NÃO. Pede-lhe uma resposta para o teu coração. Mais vale saberes que acabou tudo do que viveres com as laranjas todas no ar, qual malabarista exausto, sem saberes nem como nem quando elas vão cair.
Mais vale chorar a tristeza de um amor perdido do que sonhar com um oásis que se transformou numa miragem.
Pega no telefone e liga-lhe. Liga as vezes que forem precisas até conseguires uma resposta, a paz de uma certeza, mesmo que essa certeza não seja a que desejavas ouvir.(...) ''
... Ainda é cedo e eu preciso de amor. Só um pouquinho de amor... Quero que ele veja o quanto mudei por causa dele, na esperança de que seu riso congelado saia do automático e eu ganhe um único sorriso verdadeiro... Talvez meu amor tenha aprendido a ser menos amor só para nunca deixar de ser amor..."

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Nosso dia 23!

Obrigada, por fazer de mim esta mulher tão feliz, tão completa. Obrigada por ser o meu companheiro, por ser o meu homem, por ser esta pessoa maravilhosa. Hoje, não é simplesmente o nosso aniversário de namoro, é o e aniversário daquilo que sempre sonhei em ter, FELICIDADE! Dormir com você, acordar com você, este é o melhor presente que poderia ganhar. Conhecer, namorar com VOCÊ, foi a melhor coisa que me aconteceu.

"Hoje, 23 de agosto de 2010 eu acordei com saudades de você. Talvez porque hoje seja nosso aniversário, talvez porque seja uma data especial, talvez porque eu te ame demais."

Feliz 2 anos e 1 mês de MUUUUUUUUUUUUUUITOS, te amo!

sábado, 21 de agosto de 2010

"Quando a gente foi ver o pôr-do-sol na Praia, e a gente ficou abraçado, e a gente se achou brega demais, e a gente morreu de rir, eu senti um daqueles segundos de eternidade que tanto assustam o nosso coração acostumado com a fugacidade segura dos sentimentos superficiais. Eu olhei para você com aquela sua sueter que te deixa com tanta cara de homem e me senti tão ao lado de um homem, que eu tive vontade de ser a melhor mulher do mundo. E eu tive vontade de fazer ginástica, ler, ouvir todas as músicas legais do mundo, cozinhar, arrumar seu quarto, escrever um livro, ser mãe. E aí eu só olhei pra bem longe, muito além daquele Sol, e todo o meu passado se pôs junto com ele. E eu senti a alma clarear enquanto o dia escurecia(...)"

Claro que eu sou séria, claro que você pode confiar em mim, claro. Claro que eu sei o que eu estou dizendo, pensando e planejando. Claro que é pra valer e que eu não tenho dúvidas. Claro que só digo a verdade. Meu marido, como gosto de imaginá-lo, tem os ombros largos de proteção e abraço eterno. Tem uma mão grande que serve para tudo: desde atravessar a rua segura, até sentir prazer sem medo das horas. Quando ele sorri, doce, imagino meus filhos. Exatamente com aquela ironia pura estampada na cara: um misto de esperteza com falsa esperteza. Quando ele acorda e eu acordo, e nos olhamos, é sempre uma promessa de que a vida não vai acabar porque sempre acordaremos juntos. E para sempre vamos nos amar mesmo com o desgaste das olheiras e remelas. Respiro aliviada e mesmo distante de Deus eu sinto que ele abençoa tudo aquilo. Nunca viveremos o desgaste e para sempre viveremos com a falsa impressão da perfeição...

Abre essa porta, que direito você tem de me privar? Desse castelo que eu construí pra te guardar de todo mal, desse universo que eu desenhei pra nós. Abre essa porta não se faz de morta, diz o que é que foi, já que eu larguei tudo pra ti, já que eu cerquei tudo ao redor. Abre essa porta, vai, por favor, que eu sou teu homem viu? "Que eu sou teu homem viu".

Cala essa boca, que isso é coisa pouca perto do que passei. Eu que lavei os seus lençóis, sujos de tantas outras paixões. E ignorei as outras muitas, muitas... Vai, depois liga, diz pra sua irmã passar que eu vou mandar tudo que é seu, que tem aqui. Tudo que eu não quero guardar, que é pra esquecer de uma só vez que este castelo só me prendeu, viu? Mas o universo hoje se expandiu...

E aqui de dentro a porta se abriu.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010


Eu passo quieta por você, você passa quieto por mim, e eu ainda escuto o barulho que a gente faz. E você já abalou tanto a minha vida. Que pena, agora você morreu. Não morre, por favor. Seja ele, seja o homem que perde um segundo de ar quando me vê. Mas você nunca mais me olhou quase chorando, você nunca mais se emocionou, nem a mim.
Você nunca mais pegou na minha mão e me fez sentir segura. Nunca mais falou a coisa mais errada do mundo e fez o mundo valer a pena. Eu treinei viver sem você, eu treinei porque você sempre achou um absurdo o tanto que eu precisava de você para estar feliz. De tanto treinar acostumei. Eu só queria que ele aparecesse, o homem que vai me olhar de um jeito que vai limpar toda a sujeira, o rabisco, o nó. O homem que vai ser o pai dos meus filhos e não dos meus medos. O homem com o maior colo do mundo, para dar tempo de eu ser mulher, transar para sempre. Para dar tempo de seu ser criança, chorar para sempre. Para dar tempo de eu ser para sempre. Cansei de morrer na vida das pessoas. Por isso matei você. Antes que eu morresse de amor. Matei você. Eu sei que sou covarde. Surpreso? Eu não!

terça-feira, 17 de agosto de 2010


"Ontem depois que você foi embora confesso que fiquei triste como sempre. Mas, pela primeira vez, triste por você. Que outra mulher te veria além da sua casca? E você não sabe como vale a pena gostar de alguém e acordar na casa dessa pessoa e tomar suco de manga lendo notícias malucas no jornal como o cara que acha que é vampiro. Tudo sem vírgula mesmo e, nem por isso, desequilibrado ou antes da hora. Você não sabe como isso é infinitamente melhor do que acordar com essa ressaca de coisas erradas e vazias.. E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto e jamais me perca e seja feliz. E entenda que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz. A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com a praia do Espelho e com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida. E você me olha com essa carinha banal de "me-espera-só-mais-um-pouquinho", querendo me congelar enquanto você confere pela centésima vez se não tem mesmo nenhuma mulher melhor do que eu.

E sempre volta.

Volta porque pode até ter uma coxa mais dura, pode até ter uma conta bancária mais recheada, pode até ter alguma descolada que te deixe instigado, mas não tem nenhuma melhor do que eu. Não tem. Porque, quando você está com medo da vida, é na minha mania de rir de tudo que você encontra forças. E, quando você está rindo de tudo, é na minha neurose que encontra um pouco de chão. E, quando precisa se sentir especial e amado, é pra mim que você liga. E, quando está longe de casa gosta de ouvir minha voz pra se sentir perto de você. E, quando pensa em alguém em algum momento de solidão, seja para chorar ou para ter algum pensamento mais safado, é em mim que você pensa. Eu sei de tudo. E eu passei os últimos anos escrevendo sobre como você era especial e como eu te amava e isso e aquilo. Mas chega disso. Caiu finalmente a minha ficha do quanto você é, tão e somente, um cara BURRO. E do quanto você jamais vai encontrar uma mulher que nem eu nesses lugares deprê em que procura.

Eu vou para a cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você, ao invés de estar por aí caçando qualquer mala na rua pra te esquecer ou para me esquecer.Também sou convidada para essas festinhas com gente "wanna be" que você adora. Mas eu já sou alguém e não preciso mais querer ser. E eu, finalmente, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim... Coitado!"

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Sinto falta daqueles olhos azuis, de como você me beija à noite. Sinto falta de como nós dormimos. É como se não houvesse nascer do sol, como o gosto do seu sorriso... Sinto falta do jeito que respiramos, mas eu nunca te disse o que eu deveria ter dito. Não, eu nunca te disse. Eu me segurei! E agora eu sinto saudade de tudo em você. Não acredito que eu ainda te quero depois de tudo que nós passamos. Sinto falta de tudo em você, sem você eu vejo seus olhos azuis, toda vez que eu fecho os meus. Você torna isso difícil de ver onde eu pertenço. Quando não estou à sua volta é como se eu estivesse sozinha comigo. E agora eu sinto saudade de tudo em você (Mesmo que você se vá) Não acredito que eu ainda te quero (E te amando, eu nunca devia ter ido embora) depois de tudo que nós passamos (Eu sei que não devia ter partido) Sinto falta de tudo em você...


... Sem você

".. Mas só muito mais tarde, como um estranho flash-back premonitório, no meio duma noite de possessões incompreensíveis, procurando sem achar uma peça de Charlie Parker pela casa repleta de feitiços ineficientes, recomporia passo a passo aquela véspera de São João em que tinha sido permitido tê-lo inteiramente entre um blues amargo e um poema de vanguarda. Ou um doce blues iluminado e um soneto antigo. De qualquer forma, poderia tê-lo amado muito. E amar muito, quando é permitido, deveria modificar uma vida – reconheceu, compenetrado. Como uma ideologia, como uma geografia: palmilhar cada vez mais fundo todos os milímetros de outro corpo, e no território conquistado hastear uma bandeira. Como quando, olhando para baixo, a deusa se compadece e verte uma fugidia gota do néctar de sua ânfora sobre nossas cabeças. Mesmo que depois venha o tempo do sal, não do mel. ..."
-



VOLTEEEEEEEEEI :]

domingo, 1 de agosto de 2010

"Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais .Mais paz. Mais saúde. Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos,beijos e aquela rima grudada na boca. Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam.Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada,lençol,café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa,o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais."
Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania.

"Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor?"
"Quero você entre mim e o sentimento que tenho quando sinto sua falta, mas tudo esta me dizendo que eu deveria ficar bem. Então por que isso é assim, isso incomoda acima de eu sentir sua falta o tempo todo? Me acostumei com você suspirando coisas pra mim noite adentro, nós seguimos o sol, e suas cores, deixamos este mundo. Parece pra mim, que eu estou definitivamente, ouvindo o melhor que eu ouvi. Então me atire uma corda, para me colocar no lugar, mostre-me um relógio, para contar meus dias fora, porque tudo é mais fácil quando você está ao meu lado, volte e me encontre, porque eu me sinto sozinha. E onde quer que você vá é como se estivesse prendendo minha respiração sob a água, tenho que admitir que eu meio que gosto disso quando eu faço, mas eu tenho que estar, incondicionalmente sem medo dos meus dias sem você."

segunda-feira, 5 de julho de 2010


Eu esperava encontrar alguém que me fizesse rir quando eu estivesse desanimada, que me abraçasse, que me ouvisse falar, que cantasse a nossa música, que quisesse sempre me ver, me encontrar, que me chamasse de sua, e que dissesse todos os dias que gosta de mim e que é meu, que me aconselhasse a fazer o certo, que me completasse, que nos momentos de alegria ficasse alegre por eu estar feliz, que me transmitisse segurança, que me fizesse compania, que declarasse o quanto gosta de mim, que fosse o tipo de homem que eu sempre sonhei em encontrar...

realmente esse alguém eu encontrei em você.

sábado, 3 de julho de 2010

Bailarina e soldado de chumbo.


"De repente toda mágica se acabou, e na nossa casinha apertada tá faltando graça e tá sobrando espaço. Tô sobrando num sobrado sem ventilador. Vai dizer que nossas preces não alcançaram o céu? Coração, que ainda vem me perguntar o que aconteceu. Conta se seu rosto por acaso ainda tem o gosto meu! Com duas conchas nas mãos, vem vestida de ouro e poeira. Falando de um jeito maneira da lua, da estrela e de um certo mal, que agora acompanha teu dia e pra minha poesia é o ponto final. É o ponto em que recomeço, recanto e despeço da magia que balança o mundo. Bailarina, soldado de chumbo... Beijo e dor... Nossa casinha pequena parece vazia sem o teu balé.

Sem teu café requentado soldado de chumbo não fica de pé."

quinta-feira, 1 de julho de 2010


"Tudo isso dói. Mas eu sei que passa, que se está sendo assim é porque deve ser assim, e virá outro ciclo depois.Para me dar força, escrevi no espelho do meu quarto:¨Tá certo que o sonho acabou, mas também não precisa virar pesadelo, não é?¨ É o que estou tentando vivenciar. Certo, muitas ilusões dançaram - mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo, eu faço força para manter algumas esperanças acesas, como velas. Também não quero dramatizar e fazer dos problemas reais monstros insolúveis,becos-sem-saída. Nada é muito terrível. Só viver,não é?A barra mesmo é ter que estar vivo e ter que desdobrar, batalhar um jeito qualquer de ficar numa boa. O meu tem sido olhar pra dentro, devagar, ter muito cuidado com cada palavra, com cada movimento, com cada coisa que me ligue ao de fora. Até que os dois ritmos naturalmente se encaixem outra vez e passem a fluir.Porque não estou fluindo."


"Posso te garantir que o verão solitário me deixou mais mulher, mais leve e mais bronzeada, e que, depois de sofrer muito querendo uma pessoa perfeita e uma vida de cinema, eu só quero ser feliz de um jeito simples.


Hoje o céu ficou bem nublado, mas depois abriu o maior sol."

quarta-feira, 30 de junho de 2010


Mas você se tornou tão previsível que perdeu o encanto. Você me conta que acha a vizinha “gostosa”, que acha aquela baranga da televisão “boazuda” e que acha minha amiga “muito boa”. Você conta que “quebrou o pau” na noite anterior. Que bebeu além da conta. Que seus amigos são todos galinhas. Essa sua mania de ser direto acabou com toda a poesia. Você se tornou meu homem-objeto e eu me tornei alguém que eu não sou. Inventei uma mulher-objeto pra te agradar. Invento que eu não gosto de você. Que eu não to nem aí pros seus desejos pelas outras mulheres e finjo que não ouço as coisas desnecessárias que você fala. Invento que eu não gosto do romance e da poesia da coisa.

Mas, quer saber?! Eu gosto da meia-luz. Eu gosto das palavras que só insinuam. Eu gosto do jogo que eu sei jogar. Eu gosto de ser seduzida e não arrastada pelo cabelo. Eu gosto da sua mão segurando a minha e não só dela pelo meu corpo. Eu gosto de me sentir a Marilyn Monroe e não a loira do Tchan.

Te peço: finja de bom moço. Mande mensagem. Mande flores. Mande no rumo da minha vida. Me pegue no colo. Dance comigo no supermercado. Coloque o meu CD favorito quando eu entrar no seu carro. Me chame de princesa. Me chame de linda. Me chame pra fazer parte da sua vida. Apareça de surpresa. Entre na minha vida sem eu perceber. Minta que eu sou a única mulher que você deseja. Minta que você mataria um dia de trabalho pra ficar à toa comigo em casa. Minta mesmo que eu não acredite em nada disso. E, se você resolver tornar tudo isso realidade, apenas seja. Eu não preciso saber que é verdade.

terça-feira, 29 de junho de 2010



"- Sabe a garota do copo d'agua?
-Sei.
- Parece distante, talvez seja porque está pensando em alguém.
-Em alguém do quadro?
- Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.
- Em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes.
- Ao contrário, talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros.
- E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr ordem?"

(O fabuloso destino de Amélie Poulain)
"Eu conheço esse outro mundo, onde o tempo não dissolve. Eu te conquisto sempre, você sempre me comove. Eu conheço esse outro mundo, essa outra porção do espaço, onde eu me sinto livre aprisionado nos teus braços! Quando a gente se beija nesses verões emocionais, nesse vulcão de desejos, nessas tormentas tropicais.. Pouco a pouco eu me transporto pela porta do teu corpo pra esse outro mundo que eu conheço, dos deuses de carne e osso. Eu conheço esse outro mundo, esse eterno mundo em transe. Te amo tanto, tanto e tanto.. Não sei mais quem já fui antes."

Se eu não tivesse sobrevivido a praga e se eu nunca tivesse dito que eu vi a escuridão chegando para tomar seu lugar. Se eu nunca ler seu nome em janelas quebradas você ficaria? Você nunca diria que eu menti para mim mesmo? Eu vi você entrando em minha vida, se tornando meu ar e fazendo minha respiração brilhar. Agora você se senta alí e diz que sente muito por mim, diz que eu não posso prosseguir e que é hora de eu desaparecer. Muitas coisas ditas. Muitos laços destroçados. Eu vejo nossas memórias morrendo ao chão. As palavras que você disse quebraram o encanto de meus sonhos. então você se foi, será que eu fui só um nome por todos esses anos? Eu ainda me lembro dos "dias de confiança".

segunda-feira, 28 de junho de 2010


"Toda vez que me encontro assim perco um pedaço de mim. Um pedaço que poderia ser teu, poderia ser até um pedaço que te amasse. Me encontro nessa situação, situação critica, por não saber o que eu quero, não saber do que preciso realmente. As vezes preciso de você, as vezes não quero nem te ver. Acho que esse pedaço que eu perdi, era realmente o pedaço que te amava. Estranho isso, conseguir não te amar parece ser fácil, mas conseguir te esquecer que é difícil. Em brigas me encontro deitado em minha cama, pensando, reparando, te olhando em minha frente, sem você ao menos estar lá. Gostaria de saber o porque, o porque disso tudo, o porque das pessoas amarem as outras, se esse amar parece mais sofrer. Hoje penso não te querer mais, amanha já penso te querer muito, é isso que me faz sofrer. Como já disseram antes, “Te amo mais que ontem, e menos que amanha”,


mesmo eu perdendo esse pedacinho que te amava, ainda amo você mais que ontem, e tenho certeza que te amarei mais ainda amanha"

quarta-feira, 23 de junho de 2010

nosso dia 23!


Não solta da minha mão. Ando teimando tanto, e por mais que eu teime em sentir essa necessidade de caminhar a passos distantes dos seus, essa necessidade de te ouvir, de viver, me faz cada vez mais chegar em você. Essa necessidade em debater com a liberdade. Conceituar minhas verdades. Fazer todo enredo. Sentir medo. Vendo em você o todo, numa razão inabalável de ser, de sentir. Falando de mim, esquecendo que agora eu me permito em você. Não deixe seus olhares distantes. Não deixe que sua voz descanse ou canse de gritar por mim. A cada vez que te escuto vejo que não temos mais porque...bem, não temos mais nada. Temos um tudo, temos a nós. Não solta da minha mão, porque é nesse compasso que me sinto minha, me sinto sua, me sinto de nós dois. Porque fugir dessa tranqüilidade que paira sobre minha mente, lateja em meu coração e, só você quem sabe me remeter.. Do jeito que somente você sabe me fazer sentir! Não deixe para trás dos teus abraços, meus braços, muitos amassos, porque tu sabes de quem é a culpa, por essa coisa tão profunda que venho sentindo agora. Não me solta... Eu era quase feliz. Até aquele dia em que você me mostrou novamente um mundo de sonhos.


"Você, que foge das explicações racionais dos dicionários. Você, a qual encaro diferente, de frente. Você que, pra mim, é muito mais que condensação de um dia cansativo. É um eufemismo na hora de encarar a vida."

1 ANO E 11 MESES *-*

terça-feira, 22 de junho de 2010


Amor meu, ao contrário do que eu disse ontem, longe de você a saudade é diferente. E ela dói assim, no cantinho direito das costas. E chego até a pensar que é qualquer infecção boba. Engano meu. É saudade sim. Muito mais severa do que aquela que aparece quando estamos perto. Porque quando estamos lado a lado, a saudade que vem é saudade de almas que certamente estiveram juntas algum dia. Que foram uma só. Separadas neste ciclo de vida em dois corpos distintos. Já essa de longe é saudade sem fim. Saudade de um tempo bom que passou e de todo o tempo bom que ainda virá. Estive pensando em nós dois durante todo esse "tempo". No início do nosso amor (se é que ele teve início, porque acredito que ele simplesmente existiu desde sempre) não importava o dia da semana, a hora do dia, o dinheiro na conta. Era sempre um prazer. Não era quase, era inteiro. Não era qualquer. Era tudo. Não era abraço, era eterno. Não era de novo. Era sempre diferente. E cheguei a conclusão que ainda é diferente. E por isso tão especial. Amo-te. Sempre. Muito. Assim.

segunda-feira, 21 de junho de 2010


Tudo acontece como de costume, só que hoje o rádio que eu trouxe transpira perto de mim enquanto a lua aparece, vai caindo e some quando a manhã finalmente se aproxima. Por um instante eu me pergunto por que simplesmente não programei o despertador pra vir de madrugada, mas sei que tenho que fazer o negócio certo. Tive que sofrer à noite pra fazer tudo direitinho. Minhas pernas se esticam, mas a noite se estica mais ainda. A primeira luz me assusta. Estou quase indo dormir no parquinho quando escuto a porta bater e o carro do Simon dar partida. Ele sai da vila sem muito barulho, dirigindo meio tonto. Um minuto se passa, mas eu percebo que chegou a hora. Parece perfeito mesmo. O rádio. A luz. E, agora, meus passos em direção à porta da Audrey. Bato. Ninguém atende. De novo, aperto o punho, mas, quando estou prestes a bater na porta mais uma vez, um estalo vem do corredor, e a voz cansada da Audrey sai através das frestas.
— Esqueceu alguma... — a voz dela se projeta.
— Sou eu — digo.
— Ed?
— É. — O que você tá...
Minha camisa parece até concreto. Estou usando jeans de madeira, meias de lixa e sapatos de bigorna.
— Tô aqui por você — digo bem baixinho.
Audrey, a menina, a mulher, está usando uma camisola cor-de-rosa. Ela abre a porta e pára ali, descalça, espantando o sono dos olhos com os punhos. Ela me lembra aquela menininha, Angelina. Pego em sua mão bem devagar e a trago pra fora. O peso já saiu de mim e agora somos só nós dois. Coloco o toca-fitas no jardim cheio de cascas, me abaixo e aperto o play. A princípio, um ruído de estática paira no ar. Então começa a música e ouvimos o desespero lento, quieto e doce de uma canção que não vou dizer qual é. Imagine a canção mais bonita, mais suave e mais forte que você conhece, e vai ter uma idéia. Respiramos o som, e nossos olhos se encontram. Chego mais perto e pego suas mãos.
— Ed, o que...
— Shh.
Eu a envolvo agora, passando os braços pelos seus quadris e ela me abraça também. Coloca a mão em volta do meu pescoço e descansa a cabeça no meu ombro. Sinto o cheiro de sexo nela, e minha única esperança é de que ela sinta o cheiro do amor em mim.
A música abaixa. A voz aumenta. Mais uma vez, é a música de copas, a música dos corações — só que bem melhor desta vez — e a gente dança; a respiração da Audrey se acomoda no meu pescoço.
— Mmmm... — ela geme de leve, e dançamos no caminho. Agarradinhos. Chega uma hora em que eu solto e a giro devagar. Quando ela retorna, dá um beijinho no meu pescoço. Dá vontade de dizer: "Eu te amo", mas não é preciso. O céu flui com fogo, e eu danço com a Audrey. Mesmo depois que a música acaba, a gente continua um pouquinho mais; acho que a gente dançou por uns três minutos. Três minutos pra dizer que eu a amo. Três minutos pra ela admitir que me ama também. Ela me diz quando nos soltamos um do outro, mas nenhuma palavra de amor sai de sua boca. Ela só meio que pisca o olho pra mim e diz:
— Quem diria, Ed Kennedy, hein?
Dou um sorriso.
Ela aponta pra mim e diz:
— Mas é só você, não é?
— É — concordo. Olho os pés descalços da Audrey, seus tornozelos, suas canelas, e vou subindo até seu rosto. Tiro uma foto mental. Seus olhos cansados, cabelo bagunçado cor de palha. O sorriso arranhando de leve seus lábios. As orelhinhas pequenas e seu narizinho fino. E os últimos vestígios de amor, estranhamente ainda ali... Ela se permite me amar por três minutos. Será que três minutos podem durar pra sempre?, eu me pergunto, mas já sabendo a resposta. Provavelmente não, respondo. Mas talvez durem tempo suficiente.

sexta-feira, 18 de junho de 2010


"Os cabelos lisos caíram sobre o rosto. Para afastá-los, ela levantou a cabeça, e então viu o céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Vista assim parecia não uma moça vivendo, mas pintada em aquarela, estatizada feito estivesse muito calma, e até estava, só não sentia mais nada, fazia tempo."

De almas sinceras a união sincera! Nada há que impeça: amor não é amor se, quando encontra obstáculos se altera, ou se vacila ao mínimo temor. Amor é um marco eterno, dominante, que encara a tempestade com bravura; É astro que norteia a vela errante, cujo valor se ignora, lá na altura. Amor não teme o tempo, muito embora seu alfanje não poupe a mocidade; Amor não se transforma de hora em hora, antes se afirma para a eternidade....