Aponta pra fé e rema!
sábado, 29 de maio de 2010
Madrugada.
"Desconhecidos - mas somente antes do encontro. Que acontecera no bar. Então, unidos pela mesma cerveja, pelo mesmo desalento, deixaram que o desconhecimento se transmutasse naquela amizade um pouco febril dos que nunca se viram antes. Entre protestos de estima e goles de cerveja depositavam lentos na mesa os problemas íntimos. Enquanto um ouvia, os olhos molhados não se sabia se de álcool ou pranto contido, o outro pensava que nunca tinha encontrado alguém que o compreendesse tão completamente. Era talvez porque não trocavam estímulos, apenas ouviam com ar penalizado, na sabedoria extrema dos que têm consciência de não poder dar nada. Uma mão estendida áspera por entre os copos era o consolo único que se poderiam oferecer.
Com a lucidez dos embriagados, haviam-se reconhecido desde o primeiro momento. Ou talvez estivessem realmente destinados um ao outro, e mesmo Sem o álcool, numa rua repleta saberiam encontrar-se. O fulgor nos olhos e a incerteza intensificada nos passos fora a pergunta de um e a resposta de outro. O primeiro estava ali sentado há duas horas, mas lá fazia parte do ambiente. Um pouco porque seu emo era de cor igual às paredes do fundo, mas principalmente porque ele era todo bar. Na forma, no conteúdo. Mais exatamente, aquele bar em especial, que tinha uma coruja no nome e nos desenhos da parede. Ave que ele imitava involuntário, nos ombros contraídos, no olhar verrumante. Olhar que lançou sobre o outro no momento da entrada. Este vinha ainda incerto, como se buscasse. E sua imprecisão atingiu o paroxismo quando no choque de olhares. Vacilou sobre as pernas, a roupa parecendo mais amarrotada, subitamente um braço se descontrolou atingindo a mesa mais próxima, varrendo-a quase com doçura. A doçura dos que de repente encontraram sem estar de sobreaviso. A loura oxigenada deu um grito e o homem que a acompanhava aprumou-se em ofensa, pronto a atacar, macho pré-histórico protegendo a fêmea em perigo. Ainda perdido no espanto, o segundo bêbado não reagiu. Suas mãos estavam cheias apenas de perplexidade, não de ódio. Nesse momento, o primeiro bêbado enristou seu metro e noventa de altura, até então diluído no encolhimento de coruja em que se mantinha. Sem dizer palavra encaminhou-se para o amigo -pois que seus olhares haviam sido tão fundos que dispensavam ritos preparatórios antes de empregar o substantivo e tomando-o pelo braço, levou para a mesa. O acompanhante da loura acalmou-se de imediato, enquanto esta ficava ainda mais oxigenada no despeito.
E os dois, satisfeitos com a inesperada oportunidade para a comunicação, foram objetivos ao assunto. Estavam sós. A mulher de um estava viajando; o outro não tinha mulher. Mas tinha noiva, e desconfiava que ela o andava traindo. O outro maravilhou-se com a coincidência, pois tinha quase certeza ser a viagem da mulher apenas um pretexto para encontrar com o amante. Unidos na mesma dor-de-cotovelo, sua amizade esquentou a razão de cem graus por segundo. Ambos estavam insatisfeitos nos respectivos empregos. Operários, planejaram greves, piquetes, sindicatos, falaram mal do governo. Um deles, que tinha lido uma frase de Marx num almanaque, citou-a com sucesso. E o engajamento era outro elo a reforçar a corrente já sólida que os unia. De elo em elo, ligavam-se cada vez mais. A tal ponto que simplesmente não cabiam mais em si mesmo. Os copos colocavam-se em pé, oscilantes como se estivessem em banho-maria, os cabelos despenteados, rostos vermelhos, olhos chispantes -furiosos e agressivos no diálogo. Nas outras mesas, seres provavelmente frustrados no desencontro farejaram briga e ergueram as cabeças, espreitando. Não sabiam que, por deficiência de vocabulário, a amizade não raro se descontrola e pode levar ao crime. Apenas os dois pressentiram isso, tão sensíveis haviam-se tornado no investigar sem palavras do terreno que ora pisavam. Tudo neles era recíproco -e o medo de se ferirem cresceu junto para explodir num silêncio súbito. Então se encararam, mais desgrenhados do que nunca, e com tapinhas nas costas voltaram à delicadeza dos primeiros momentos. Mas os frustrados que enchiam o bar estavam achando aquilo um grande desaforo. Não era permitido a duas pessoas se encontrarem num sábado à noite e, ostensivas, humilharem a todos com sua infelicidade dividida. O desespero não repartido dos outros era uma raiva grande, expressa nos gestos de quem não suporta mais. Com a sutileza dos donos de bar, o dono deste sentiu a hostilidade crescente. E medroso de que o choque resultasse em prejuízos para si, colocou-se sem hesitação ao lado da maioria.Dirigiu-se aos dois operários e pediu-lhes que se retirassem. Apoiado em seu metro e noventa, um deles quis reagir. Mas o outro mais fraco e, portanto menos heróico e mais realista, advertiu-o da inconveniência da reação. E olharam ambos os outros desencontrados pelas mesas -subitamente encontrados no mesmo ódio -formando uma muralha indignada. O mais alto, menos por situação financeira do que por força, caindo em si fez questão absoluta de pagar todos os gastos. De braço dado, saíram para a ma drogada. Fora depararam com o frio e o brilho desmaiado das luzes de mercúrio. Encolheram-se devagar, as desgraças mútuas morrendo em calafrios. O domingo vinha vindo. Eles não sabiam o que fazer das mãos cheias de amizade e lembranças das mulheres ausentes. Bêbados como estavam, a única solução seria abraçarem-se e cantarem. Foi o que fizeram. Não satisfeitos com o gesto e as palavras, desabotoaram as braguilhas e mijaram em comum numa festa de espuma. Como no poema de Vinícius que não tinham lido nem teriam jamais. Depois calaram e olharam para longe, para além dos sexos nas mãos. Nas bandas do rio, amanhecia!"
terça-feira, 25 de maio de 2010
Vai, se você precisa ir. Não quero mais brigar esta noite, nossas acusações infantis e palavras mordazes que machucam tanto, não vão levar a nada, como sempre! Vai, clareia um pouco a cabeça. Já que você não quer conversar. Já brigamos tanto, mas não vale a pena. Vou ficar aqui, com um bom livro ou com a TV! Sei que existe alguma coisa incomodando você. Meu amor, cuidado na estrada e quando você voltar tranque o portão, feche as janelas, apague a luz e saiba que te amo...
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Aponta pra fé e rema!
"Quem bater primeira dobra do mar. Dá de lá bandeira qualquer! Aponta pra fé e rema. É, pode ser que a maré não vire, pode ser do vento vir contra o cais. E se já não sinto teus sinais, pode ser da vida acostumar. Será, morena? Sobre estar só, eu sei, nos mares por onde andei devagar, dedicou-se mais. O acaso a se esconder e agora o amanhã, cadê? Doce o mar, perdeu no meu cantar! Só eu sei, nos mares por onde andei devagar, dedicou-se mais. O acaso a se esconder e agora o amanhã, cadê?"
Parece que você saiu de um sonho! Você parece até irreal. Chegou com essa carinha de anjo pra defender meu coração do mal, da solidão. Meu herói, que chegou pra me salvar da solidão. O que é que eu vou fazer sem esse teu amor? Diz pro meu coração! Meu heroi, as flores não são mais artificiais. A lua e as estrelas ainda brilham mais, feito um clipe romantico. Volta o filme e me deixa sonhar. Vou sonhar, até a gente acontecer. Vou sonhar, vou sonhar, vou sonhar, ate acordar com você!
quarta-feira, 19 de maio de 2010
domingo, 9 de maio de 2010
Me entende, eu não quis, eu não quero, eu sofro, eu tenho medo, me dá a tua mão, entende, POR FAVOR. Eu tenho medo, merda! Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas. Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda-roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei. Apronto agora os meus pés na estrada. Ponho-me a caminhar sob sol e vento.
Todo dia é dia das mães...
"Escolhida para guardar dentro de si o dom da vida. Escolhida para cultivar com carinho as sementes do futuro. Escolhida para dar à luz aquele pequeno ser que durante todo o sempre irá simbolizar o que há de mais importante e precioso em sua existência. Escolhida para ser capaz de viver e sonhar, de aprender e viver, de proteger e de mudar, de dizer e de calar, de sofrer e de lutar, de vencer e de acreditar, de sorrir e de chorar, de sentir e de se emocionar, de saber o que é amar... Escolhida para ser capaz de tudo, até mesmo o impossivel por aqueles que com muito orgulho irá chamar de filho. Escolhida para ser mulher, escolhida para ser especial, escolhida para ser mãe... MINHA MÃE!"
sexta-feira, 7 de maio de 2010
"Asas, preciso de suas asas. Queria voar pelo mundo, conhecer as novas estradas. Vento, preciso do tempo. Queria saber o momento, queria tentar na hora exata voar.. Não posso mais não! Vou tentar achar em você uma imperfeição. Olha, nossa felicidade não aguenta esperar. Um beijo, quero seu beijo. Vem me amar! Quero você, meu caminho e minha vida, e o meu coração. Vou te esperar bem aqui, por que esse é o nosso lugar. Não vou além do mar, não consigo te ver daqui. Quem vai me fazer sorrir de novo? Voa, atravessa o ar, vem me fazer viver e esquecer que saudade dói demais.
E é sempre assim, é sempre ilusão!"
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