Aponta pra fé e rema!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011


Embaixo das suas mil camadas de interesses por tudo. Embaixo das mil peles de ansiedade. Existe o menino que nunca tiro do coração. Saudade. Banshee Beat é a música mais linda dessa tarde. E você o menino que nunca tiro do coração. Saudade.Você achando que sentíamos igual por causa do beijo profundo e do olhar dolorido. Você é o menino que nunca tiro do coração. Saudade. Você querendo tirar foto da minha sala. Como se viver fosse o seu turismo eterno. Você sanduíche e eu uma carne de minhocas apaixonadas.  Você fazendo a dança do “levar o lixo lá fora” e eu deixando você ver como tenho medo de gostar. Você é o menino que não tiro do coração. Você querendo mandar fósforo pra queimar o presente que tinha acabado de mandar. Todas as suas grosserias e erros chegam sempre com graça. Você me ligando de madrugada. “Vou te processar se você escrever sobre mim”. Eu querendo escrever no céu, no peito de Deus, no meu fígado. Você indo embora dizendo não saber gostar só de mim. Eu pensando apenas que roupa colocaria pra quando você voltasse. O amor corre separado. Você longe de mim por país, por peito, por intenções. E nas músicas, nos livros, nas piadas de youtube, na pele dos outros, na minha ilusão. Você tocando alto o violão, fugindo da foto pra fazer o efeito borrado, me roubando da fila da livraria para um cantinho. Você pra sempre. Em todo espaço, em todo branco, em todo homem, você é o menino que não tiro do coração. Errado, distante, esquecido, apagado e pra sempreVocê me dizendo “não vou te fazer esperar, mas um dia…” Você a desgraça boazinha. Você o “um dia” que não foi quando o dia chegou. Ouço você através de tudo o que é bonito. Toco você em tudo que peço socorro ou só rotina. Você o menino que nunca tiro do coração. Pode ir pra longe, em paz, com ela, sem mim. Mas não esqueça que são 92 mil pessoas seguindo esse amor. E esse amor imenso é todo pra você.

E ele me faz tão bem
Que eu também quero fazer isso por ele...








E não precisa necessariamente ser um conto de fadas para existir um final feliz. Olhe só para nós..

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Mesmas palavras já desgastadas pelo uso. Mesmo gesto mecânicos. Mesmo objetivos já ultrapassados. Amores blasé. A mesmice de sempre, pessoas repetitivas. Começo a criar um desgosto pelas relações humanas, e pelos relacionamentos. Fumo três cigarros por dia na esperanças de suprir esse vazio aqui no peito. Fumaça preenche, fumaça ocupa, fumaça mata. Eu sei, mas morrer para mim parece como uma luz no fim do túnel. Cada baforada de cigarro que dou na janela volta contra minha face. Vista embaçada, vidro embaçado. Chuva. Chuva. Merda de chuva. Ficar preso dentro dessa casa me corrói como ácido, nunca fui do tipo bicho-domesticado. Sou bicho-livre, cada dia um lugar. Cada lugar um grupo. Cada grupo um amor. Mutável. Promíscuo? Não, promiscuidade tem relação com sexo e eu falo aqui de sentimentos. Relação sentimental não sexual. Abri a porta e aquele vento frio bate no meu rosto. 
– Chuva desgraçada – Pensei –, mas preciso comprar pão e algo para comer. 

 Cigarro e chuva, não é uma boa combinação. Não que seja perigosa, só não é gostosa. No meio da chuva não. Piso cada força como se estivesse matando um bicho-de-sete-cabeças. Libero minha raiva, mas continuo com essa agonia dentro do peito. A chuva tem esse poder sobre mim, me deixa preso em casa e conseqüentemente meus monstros saem da gaiola. Viro o playcenter na hora do terror. Preparem-se que a bruxa está solta. Cadáveres que pensei que estivessem em estado de decomposição surgem: zumbis. Vampiros sanguessugas vestidos de príncipes europeus. Fico sem reação esperando que alguém venha me salvar desses monstros ou que me acorde desse pesadelo. Merda! Esses carros passam rápidos e sempre me molham. Parece praga. Sábado chuvoso, no meio da tarde. Convites para festas, boates e encontros regados a bebidas e gente bonita. E eu indo comprar pão. Mas de que adianta sair para festa e voltar para casa sempre com o coração vazio. Se um dia voltar para casa com o coração aquecido e com um amor desses que valham à pena, ai sim recomendarei festas. Mas não, sempre a mesma coisa: Você se arruma como se nunca tivesse sido bonito, passa o perfume mais sedutor, vai para o tal lugar cheio-de-gente-afim-de-algo, sexo provavelmente, bebe, faz chame, encontra alguém, vai para casa ou motel ou qualquer lugar, mas sempre acaba na sua cama. Sozinho. Não minto, nem sou vidente. Prefiro o conforto da minha casa a sair pelas ruas atrás de uma ilusão, no fim termino no mesmo lugar. 

 - 4,70 senhor. – A mulher do caixa avisa com sua voz irritante. Cabelo horrível, sempre tenho vontade de falar. Nunca falo. 

 Essa padaria sempre foi assim. Gente chata, gente feia. Essa chuva irritante não passa, pelo menos em frente à padaria dá pra ficar esperando um pouco. Vou pegar uma puta de uma gripe. Foda-se. Cada vez mais sem saco para pessoas, acho que peguei o vírus da imunodeficiência de relações interpessoais. Um grande amor, para mim isso é piada. Brincadeira de mau gosto. Comigo sempre foi assim. Pegadinha, eu não te amo e agora estou te deixando. Grande amor, grande coisa isso. 

 - Com licença, acho que conheço você. Por acaso não estava naquele bar semana passada?
 - Hã? Não sei, qual bar? 
 - Aquele que fica de frente a uma praça. Não me lembro o nome agora. Você estava tomando umas misturas estranhas. Estava com uma calça preta justa, uma camisa xadrez. Era você sim, não esqueceria.
 - Ah, sei sim! Foi em um sábado não? Aquela noite que estava fria. Eu me lembro.
 -Prazer, Tiago. 
 -Prazer, Ian. 
Como você se lembra de mim tão bem? 
 -Algumas pessoas marcam. Mesmo se não falamos com elas. Possuem alguma certa marcar registrada. Seu sorriso, por exemplo, nunca irei tirá-lo da minha mente. 
 - Obrigado.Você é uma pessoa que dificilmente esquecerei. 
 - E por que deixaria que me esquecesse? Moras onde? 
 - Aqui perto. Umas duas ruas. 
 - Posso te acompanhar? 
 - Com prazer. 

 A chuva passou. Agora só umas nuvens querendo impedir o sol de aparecer. Mas, o sol sempre aparece. Agora minhas angústias vão embora. Volto a ser bicho-livre. E o amor? Bem, cada lugar um novo amor. Por que não?