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segunda-feira, 29 de março de 2010

Brida.


Talbo olhava sua mulher. Os olhos dela estavam perdendo o brilho, mas ela ainda conservava o mesmo encanto de quando a havia conhecido. Nunca lhe dissera certas coisas – não havia lhe contado sobre mulheres que recebeu como prêmio de batalha, mulheres que encontrou quando viajava pelo mundo, mulheres que estavam esperando ele voltar algum dia. Não lhe contara isto porque tinha certeza de que ela sabia de tudo e lhe perdoava porque ele era o seu grande amor, e o grande amor está acima das coisas deste mundo.
Mas havia outras coisas que ele não havia contado, e que possivelmente ela jamais iria descobrir; que tinha sido ela, com o seu carinho e a sua alegria, a grande responsável por ele ter encontrado de novo o sentido da vida. Que foi o amor daquela mulher que o empurrara até os mais distantes confins da terra, porque precisava ser rico bastante para comprar um campo e viver em paz, com ela, pelo resto dos seus dias. Foi a imensa confiança naquela criatura frágil, cuja alma estava se apagando, que o obrigara a lutar com honra, porque sabia que depois da batalha podia esquecer os horrores da guerra no seu colo. O único colo que era realmente seu, apesar de todas as mulheres do mundo. O único colo onde conseguia fechar os olhos e dormir como um menino.

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